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DESAFIOS PARA IMPLANTAÇÃO DA ECONOMIA CIRCULAR (1ª PARTE)

É atual e importante a discussão e aplicação das ideias de Logística Reversa (LR) e da Economia Circular (EC), cujos conceitos já foram examinados neste site sob diferentes perspectivas.

No entanto, para a sua aplicação existem enormes dificuldades que procuramos resumir neste espaço. Percebe-se que para o avanço destas ideias os desafios são grandes em todas as partes do mundo. A mudança da economia linear (compra-usa-descarta) para a economia circular (reduza-reuse-reaproveite) é complicada porque todas as atividades da sociedade industrial foram baseadas na economia linear.

A sociedade deve enfrentar estes desafios mesmo sabendo destas dificuldades, lembrando que a sustentabilidade ambiental do planeta depende muito de suas ações para aplicação da economia circular e logística reversa.

EXISTÊNCIA DE LIDERANÇAS EMPRESARIAIS PARA AVANÇO DAS IDEIAS;

A história empresarial tem mostrado a importância do papel dos líderes na introdução de novas ideias nas organizações. Ao adotar a nova ideia o líder influencia e transmite com convicção aos seus comandados além de facilitar as ações de sua implantação. Foi assim no avanço das ideias de fabricação em série no início do século XX, no just in time e na qualidade total nos anos 50, no supply chain no final do século, enfim, é um processo que sempre se inicia pela alta hierarquia das organizações.

No caso da Economia Circular não será diferente e é necessário a atitude da direção da organização na busca de implantar as ideias desta nova visão, mesmo que lentamente, divulgando e fazendo chegar às diversas funções e hierarquias.

Organizações com interesse real em implantar a Economia Circular e Logística Reversa devem criar “multiplicadores das ideias”, que se encarregam da disseminação dos conceitos e coordenar as aplicações e da geração de novos instrutores multiplicadores ao longo das organizações. Parceiros de suas redes de negócios ou de atividade, clientes e fornecedores da organização, serão envolvidos no processo.

É, portanto, fundamental a imersão da alta hierarquia na implantação da Economia Circular! Parece uma tarefa fácil mas entendo ser muito desafiante uma mudança de dessa natureza mesmo para as organizações líderes de mercado, que normalmente e historicamente são aquelas que avançarão estas ideias.


CONFLITO DE INTERESSES – EMPRESAS INTEGRANDO AÇÕES DE LR E EC

Uma das bases fundamentais da EC e da LR é a de “reaproveitamento” dos materiais e produtos usados e descartados, e nestas condições, é de vital importância a atitude das organizações por esse aspecto, e aqui incluímos os poderes governamentais.

No mercado é comum observar-se o conflito na utilização entre os produtos ou materiais virgens com aqueles reaproveitados. Este conflito normalmente é devido à possível concorrência disruptiva criada pelo reaproveitado, ou seja, à ocupação de espaço no mercado pelo item reaproveitado.

O OM (“original manufacturer”= fabricante original) vê o reaproveitado, seja uma matéria prima ou um produto, como seu concorrente no mercado. Estabelece-se um mercado paralelo ou secundário de itens reaproveitados.

Organizações astuciosas logo detectam a necessidade de “participar ativamente” dos processos de reaproveitamento evitando os citados conflitos, utilizando sua imagem de marca para melhorar, tecnológica e comercialmente, o mercado do reaproveitado.

As empresas fabricantes originais (OM) poderão realizar, ou fazer realizar por terceiros sob sua supervisão os processos de reaproveitamento, dando-lhes maiores garantias e salvaguardando o mercado desses citados conflitos. Permitindo ainda que os níveis de reutilização destes reaproveitados sejam progressivamente melhorados. Parcerias são muito bem-vistas nestes casos.

Apresentamos em artigos anteriores alguns movimentos de empresas líderes de mercado com ações nesse sentido, porém o progresso ainda é lento, muitas vezes com desafios de ordem tecnológica que abordaremos adiante.

Percebe o leitor que desvencilhar-se desses diferentes interesses conflitantes não é uma tarefa fácil e soluções de parcerias entre atuais concorrentes pode ser um caminho interessante.

(Seguem mais desafios na série de artigos seguintes)

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